quinta-feira, 18 de janeiro de 2007

Ritual

Hoje acordei revolto, e para cumprir o primeiro de muitos rituais matinais, desenrosquei-me da persuasão íntima que o lençol verde manso tem com uma das minhas pernas e após alguns segundos ganhos, tentei erguer o tronco para um nível onde quase que me falta o oxigénio. Despedi-me da mão que, tal como o lençol verde manso se une simbolicamente à minha e tomei o meu caminho vacilante para a casa-de-banho. Estonteado, sentindo escasso o dióxido de carbono expelido, deixo que a minha destreza (como se separada de mim estivesse) seja a única a conseguir alcançar o mérito de redescobrir o brilhantismo de Thomas Alva Edison...fez-se luz! Os meus sentidos reencontram-se, pouco a pouco retomam a sua simbiose habitual, voltam à rotina, esfrego os olhos, olho para o espelho, preencho o meu ego com a dose certa de narcisismo e volto a esfregar os olhos, rodo 90 graus para minha esquerda ainda que com uma estabilidade precária consigo alcançar a torneira que ostenta um grande círculo vermelho vivo que por experiência no mundo moderno indicia que a mesma irá debitar litros e litros de água à temperatura que todos nós gostamos…